quarta-feira, 10 de junho de 2009

No âmbito de concluir este blog decidimos criar um pequeno documentário que fizesse um apanhado das ideias aqui exploradas ao longo do semestre.

Deixo também o texto escrito para o documentário. Está em inglês devido ao uso de uma voz sintetizada que só compreendia essa língua.

CLIQUE AQUI PARA VER O VIDEO

Since the beginning, man has always walked towards new frontiers. Its greatest ally in this search has been technology. We constantly build new and more effective tools to make our lives more comfortable. Fire allowed us to see in the darkness. Clothing protected us from the elements. New weapons made us stronger. Language and the written word made it possible to pass on knowledge to others. All these inventions changed Man beyond recognition.

Now, at the beginning of the 21st century, technology has evolved so much that we find ourselves at a crossway with three possible futures. All of them revolutionary.

First possibility
Very recently, we’ve been seeing a trend in trying to simplify technology to make it easier for us to interact with. Early computers were complicated pieces of equipment that required advanced knowledge to use. These mechanisms worked against men’s natural intuition. But now with advances in technology we are able to make them more user friendly. What this means is that our machines are adapting to our needs, becoming more human like. By the rate technology is evolving, machines will become so human we won’t be able to tell them apart from us.
What will be the consequences of having tools that cater to our every need? We have changed so much already trying to make our lives less complicated. What will we do when we won’t even have to walk anymore? Are we making it so easy for ourselves that we’ll start losing many of our natural abilities? The lack of challenges may be de-evolving us. This would be a sad fate for humanity.

Second Possibility
Another possible future is one in which there is none. Machines superior to us in every way, soon realize the futility of serving our kind. We become nothing more than an inconvenience to them. Our fate is set. Extinction.

Third Possibility
But there is still one other possibility. Something we are already beginning to see in today’s world. Man is moving further and further away from its natural biology. Becoming more infused with machines. Extreme examples of this show us individual’s whose lives are completely dedicated to virtual worlds. Their bodies have become mere shells for their minds. Taking this trend into the future, what will become of us? Incredible advances will allow us to improve our physicality. Bioengineering will improve our strength, our speed our intelligence and our longevity. We would also be able to simulate human consciousness on computer hardware. We could live in world’s where everything and anything is possible. In such a future where we would fuse with machines, would there still be traces of humanity left in us? What purpose in life would these new beings have? Should we take any precautions to prevent such a future? Is it correct to fight progress to preserve human nature?

Conclusion
These are some of the defining questions we face in this time of change. What does it mean to be human? What is the purpose of technology? Have we set in motion a path that will lead us to our end?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Realidade virtual

Em resposta ao Diogo, acho que não vamos ter grandes hipóteses de escolher o nosso futuro. Hoje em dia somos completamente impotentes perante o destino da humanidade e da nossa sociedade. Por muito que se debata a moralidade desta ou daquela tecnologia, ela vai existir, sobretudo se for, como é o caso da realidade virtual, altamente rentável.
Há tecnologias que não obedecem a esta fatal regra, como a da clonagem, manipulação genética e as tecnologias relacionadas com as células estaminais, entre outras. As células estaminais prometem curar alguns tipos de cancro, paralisias e outras doenças degenerativas, assim como regenerar membros e órgãos perdidos mas a pesquisa é proibida ou altamente atrasada por questões religiosas e morais. Irão as futuras tecnologias de realidade virtual ser condicionadas por questões morais? As igrejas não deveriam estar já atentas à realidade virtual e às consequências que têm sobre as pessoas?

Pensei também numa questão que vai de encontro ao que disse na minha primeira mensagem. A tecnologia, mesmo que ainda não tenha chegado a um ponto em que os interfaces, na sua maioria, reajam e interajam com todos os sentidos, parece estar a caminhar para lá. A Wii, já mencionada, é uma consola em que, o comando, para além de possuir botões, tem que ser movido no espaço. O jogo Guitar Hero, disponível para uma variedade de consolas, deixa o utilizador com a sensação de que realmente está a tocar um instrumento. A Nintendo Ds é uma consola com dois monitores, a interacção com um dos quais é feita através de botões e, com o outro, através de uma caneta semelhante à de um PDA. O que é mais interessante é que a Nintendo DS possui um microfone, podendo o utilizador soprar, assobiar ou falar para interagir com a consola.


A tecnologia parece estar a evoluir no sentido de tornar as nossas experiências com os media cada vez mais reais. A televisão a cores, o som em Stereo e, posteriormente, Surround e a interactividade feita através de diferentes sentidos começam a criar uma realidade virtual que compete com a realidade real. Que outra conclusão se pode tirar do sucesso do infame jogo World of Warcraft ou do Second Life? Convém mencionar as mortes relacionadas com o World of Warcraft, para realçar até que ponto certos jogadores trocam a vida real pela virtual.

http://news.xinhuanet.com/english/2005-11/01/content_3714003.htm

A imersão nos videojogos é levada ao extremo no filme eXistenZ, em que as consolas são ligadas ao corpo da pessoa e a transportam para um mundo completamente virtual em que tudo parece real, tal e qual como o mundo do filme The Matrix. Há algum tempo, falei com um amigo meu sobre a possibilidade de criar consolas disponíveis ao público capazes de simular essa realidade virtual mas em que o utilizador poderia criar a realidade que quisesse, ou seja, consolas que, em nossa casa, poderiam criar qualquer mundo que quiséssemos por mais elaborado ou fantástico que fosse e transportar-nos para esse mundo, no qual existiríamos tal como existimos neste. O meu amigo disse algo como: "Nesse mundo poderíamos ser o que quiséssemos. Poderíamos ser o Hitler!". Ficámos algum tempo a falar das possibilidades de uma máquina assim até que eu mencionei a possibilidade de, nesse mundo, experimentar qualquer droga sem qualquer prejuízo para a saúde, ao que o meu amigo respondeu algo como "Com uma máquina dessas, não precisaríamos de drogas". É aqui que esta mensagem se relaciona com a minha anterior. Karl Marx disse que a religião é o ópio do povo.


A religião não é, há já muito tempo, o ópio do povo. Foi substituída pela cultura popular, a televisão e, mais recentemente, o computador. O existencialismo levou o Homem a procurar a felicidade nos prazeres terrenos: sexo, drogas, televisão e consumíveis.



Toda esta mensagem aponta para uma negra conclusão: os filmes Wall-E e eXistenZ têm uma visão optimista do futuro da realidade virtual. Se, com a realidade virtual pudéssemos criar uma infinidade de mundos em que a vida seria inegavelmente melhor, por que haveríamos de nos contentar com a realidade? Para quê viver num mundo imperfeito em que nos falta dinheiro, a nossa namorada não é perfeita, os nossos amigos são, enfim, como são, a Terra está poluída, os governos são corruptos, as drogas são ilegais e perigosas etc.. Aliás, para quê falar de problemas tão sérios? Na realidade virtual, nem temos que lidar com os problemas menos importantes como multas, filas para pagar a conta da água ou renovar o B.I., nada de jeito na televisão, uma nódoa na camisola, ter que ir comprar mercearias, etc.. Em suma, para quê viver num mundo em que temos tão pouco poder para alterar o mundo que nos rodeia quando poderíamos viver num mundo fantástico como a Terra no tempo dos dinossauros, ou o nosso mundo exactamente igual mas em que somos o Super-Homem e podemos viajar pelas galáxias ou ainda um mundo que consistisse num quarto em que um chorrilho de mulheres perfeitas satisfaziam todos os nossos desejos, etc.? Que aconteceria se tal tecnologia fosse concebida? Seria o fim da vida como a conhecemos? Talvez não, talvez houvesse uma elite que não se rendesse às tentações de uma realidade virtual e, caso fossem religiosos, talvez matassem os corpos das pessoas ligadas a esse sistema. Deve ser uma questão de tempo até fazerem um filme assim. Esta ligação do Homem com a máquina vai de encontro ao que disse o Diogo na sua primeira mensagem.

Consideremos ainda que esta consola consegue alterar não só o espaço mas também o tempo. Por vezes, como é referido no filosófico filme Waking Life, em sonhos, parece que passam horas quando na realidade passaram poucos minutos. Se esta tecnologia fosse capaz de nos proporcionar uma experiência de vários anos noutro mundo em poucos minutos deste, seria um desperdício não a utilizar para uma infinidade de tarefas intelectuais. Por exemplo, poderia aceder a essa consola para escrever este texto em segundos e reflectir muito mais longamente sobre o que escrevo para tornar esta mensagem ainda mais brilhante, se é que isso é possível.
Se a tecnologia chegar a tal ponto, podemos especular sobre a possibilidade de um dia enviarmos a nossa consciência para a consola, passando as pessoas a viver como informação electrónica e sem necessidade de satisfazer as necessidades animais do corpo original. O corpo morre, a alma vive, num mundo virtual, para sempre. Como disse o Diogo, Homem e máquina juntam-se. É este o futuro para que caminhamos? Eu espero que sim.

Humanos interactivos

O mundo de Matrix é de facto fantastico e estamos a caminhar para la, o mundo de walle tambem é possivel e vai acontecer também quanto a mim. Estas são algumas portas do futuro, vamo-nos tornar seres 100% interactivos, vamos dar vida a novos "seres" as maquinas porque elas vão acabar por pensar devido a ganancia humana de poder de querer-mos controlar, o que nos poderá destruir pois essas maquinas poderam virar-se contra nos. Tudo isto pode e deverá acontecer, iremonos tornar seres controladores e morbidos sem actividade fisica, apenas com actividade intelectual. De facto este futuro é perturbador e incognito. O lado bom é que ja nos estamos a perparar para ele, o cinema a escrita aborda este tema varias vezes talvez pela sua importancia e controvercia. Falando do lado bom da interactividade, torna-nos seres hitech, seres sofisticados precisos mais efecientes, mas menos humanos, ate quando seremos humanos?
Lembro-me de um filme chamado Immortel de Enki Bilal em que a mensagem principal acenta em "Humanos sejam contra os implates artificiais" ou seja humanos não percam a vossa identidade, e este talvez seja o proximo passo, iremos perder a nossa identidade, ja a estamos a perder aos poucos com a massificação da internet e com o excesso de informação que engolimos diarimente atravez dos media. Mas esta perda de identidade vai mais fundo, vai ate ao ponto em que nos vamos começar a criar implantes artificiais para o nosso corpo. Onde o nosso corpo vai ser o simples ospedeiro do nosso cerebro e onde introduzimos todo o tipo de tecnologia, para satisfazermos do nosso ego. Comcluindo de facto estamos a perder a nossa identidade e a ficção futura dos nossos dias é o alimento dos nossos sonhos da ganancia do ser humano, que nos poderá destruir de uma forma ou de outra.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Na minha ultima entrada neste blog falei de duas possíveis tendências para a evolução da relação entre o homem e a tecnologia. Dois possíveis futuros. Ou as nossas invenções se tornariam mais como nós, mais humanas, ou seriamos nós que nos adaptaríamos a elas.
Mencionei a Nintendo Wii como um exemplo popular de um interface electrónico humanizado, e os jogos sociais como o Second Life como exemplo da tecnologia a sobrepor-se á fisicalidade humana.

Não acho que se trate de uma questão de qual dos dois futuros se tornará realidade, pois ambos se estão a materializar neste preciso momento. Contudo sinto que o acto de ensinar as maquinas a falar humano pode vir a ser apenas uma fase passageira pois é uma necessidade ligada apenas as ultimas gerações humanas. Nós ainda nascemos num mundo onde os livros eram feitos de centenas de paginas de papel. A forma de interagir com eles resumia-se a folhear com os dedos as paginas para avançar a leitura. Para nós faz sentido o acto de folhear, e esse gesto pode ser simulado por um monitor sensível ao toque como o do iPhone. Isto resulta num interface bastante intuitivo, mas imaginemos um futuro onde todos os livros do mundo foram substituídos por este tipo de simulações. Fará sentido para essas futuras gerações continuar a folhear? Indivíduos que nunca tiveram contacto com um livro verdadeiro e que conseguem mudar de pagina simplesmente através do pensamento? É provável que o homo sapiens como o conhecemos esteja para se extinguir em breve, e não me refiro a um grande evento apocalyptico, falo apenas da possível forma como a tecnologia nos vai alterar profundamente nos próximos séculos ao ponto de tornar-nos numa nova espécie.



Especular de que forma isso irá acontecer é dos meus temas preferidos, e um que já foi abordado repetidamente pelos media em filmes como o Terminator e o Matrix. Esses filmes sugerem que as maquinas se vão virar contra nós mal se apercebam da futilidade de servir uma raça inferior. Mas pondo para já de lado essa possibilidade pessimista, que outras formas existem de entrarmos nos próximos séculos? O Igor mencionou o mais recente filme da Pixar, o Wall-E, que achei um exemplo bastante interessante de um possível futuro da relação entre o homem e as suas ferramentas.



Para os que ainda não viram, o Wall-E é um filme passado 700 anos no futuro onde os humanos abandonaram a terra devido a graves problemas de poluição. A superfície do globo está totalmente coberta de lixo. Ficou encarregue ao solitário Wall-E a missão de limpar o planeta, até que um dia este vai-se envolver numa serie de aventuras que o vão levar para fora da terra até á actual residência da raça humana, uma nave espacial. A forma como essa nave e os humanos que lá vivem estão retratados é que é de especial interesse para este blog. Os seus corpos obesos e atrofiados ao ponto de parecerem balões de água devido á falta de exercício físico são totalmente inúteis. Como o Igor falou, as extensões tecnológicas inventadas para substituir os nossos pés deixaram marcas profundas no nosso corpo. Neste futuro as facilidades providenciadas pelas máquinas tornaram o homem num animal sem objectivos. Não necessita de trabalhar nem de fazer o mínimo esforço para adquirir o seu conforto. Vive apenas para o lazer e o consumismo superficial.
Isto levanta algumas questões mais filosóficas que o Miguel falou sobre o propósito da vida. Se num futuro como o do Wall-E a nossa função primária ainda for a procura da felicidade então eu diria que a humanidade fracassou. Ficou encalhada num tempo sem mudança e sem evolução, sem criatividade e inovação.

Mas isto segundo o contexto de uma raça que ainda é inteiramente humana, embora extremamente obesa, pois é possível que venhamos a alterar a nossa essência ao ponto de substituirmos completamente as necessidades que consideramos básicas. Falo disto pois acho bastante provável que no futuro tome lugar um acontecimento revolucionário denominado de singularidade tecnológica. Esta singularidade refere-se ao momento em que o homem cria uma máquina capaz de se auto-melhorar. Isto resultaria num crescimento exponencial de avanços tecnológicos. A bioengenharia e a nano-tecnologia evoluiriam de tal forma a tornarem os nossos corpos mais fortes, as nossas mentes mais inteligentes e seriamos imunes a qualquer doença, incluindo o envelhecimento, tornando-nos virtualmente imortais. Teríamos também a capacidade de simular a mente humana em ambientes digitais, tal como no Matrix onde tudo é possível.
Num futuro assim existiriam ainda vestígios da nossa humanidade na fusão com as máquinas? Que objectivos de vida teriam estes novos seres? Crescerem e multiplicarem-se, a procura da felicidade, a procura da verdade?
Pode parecer ficção científica, mas ponde de parte um cataclismo global que nos destrua, acredito que a singularidade tecnológica é apenas uma questão de tempo.
Que medidas deveremos tomar em relação a isso? Será correcto tentar impedir esta fusão com as maquinas de modo a preservar a nossa natureza humana, independentemente dos benefícios que possa trazer?



Recomendo muito este livro para os que tiverem interessados no tema da singularidade. The Singularity is Near de Ray Kursweil.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O mundo visual

Da outra vez, mencionei o som para focar como este está a ganhar muito mais atenção nos dias de hoje face aos últimos séculos. E isso está a acontecer com todos os sentidos, todos estão a ganhar uma importância maior. Ao ler livros podemos muitas vezes ver imagens explicativas ao lado e muitos dos livros para crianças têm mensagens sonoras, a televisão utiliza também o tacto por causa do comando, entre muitos outros que fez com que Marshall Mcluhan considerasse que estamos a tornar-nos novamente homens acústicos. E o que é um homem acústico? Existiram 4 eras pela qual a humanidade passou. A era tribal, a da escrita, a da impressão e a eléctrica. Tanto na era tribal como na eléctrica o homem define o seu espaço de percepção como esférico, devido à forma como os seus sentidos são utilizados, no caso da era tribal eles davam primazia à audição que, devido a ser abstracta, a forma como aprendíamos algo era muito genérica e envolvente, deste modo esférico. Quando falamos de era electrónica, apesar de nos basearmos muito na visão, começamos a utilizar outros sentidos. Se pensarmos na televisão, não só vemos as figuras no ecrã como ouvimos sons que associamos a estas e depois também podemos utilizar o comando que envolve o sentido do tacto. Ou seja, a televisão como elemento cool media, tal como muitas tecnologias a serem desenvolvidas hoje em dia, utilizam vários sentidos que aumentam o nosso índice de atenção e tornam a percepção de um acontecimento bastante completa. Com base nessa ideia, a nossa percepção é enquadrada da mesma forma que a da era tribal e somos homens acústicos. O que aconteceu nas outras fases foi que, com a existência do livro, a forma como o mundo era conhecido passou a ser diferente. O facto de haver linearidade, que nos levava a começar num ponto e acabar noutro, que passou a ser considerado o inicio e o fim, criou a ideia de tempo como conhecemos. Este é uma linha recta, o passado fica para a esquerda e o futuro para a direito, tendo em conta que no ocidente lemos da esquerda para a direita. Para além dessa alteração, também nos começámos a focar num único sentido, que foi o da visão e, a partir daí, aquilo que víamos era verdade, a expressão “Só vendo”demonstra esse acto.
Portanto a era electrónica e as tecnologias que criámos, alteraram e alteram a nossa percepção do mundo e principalmente a nossa relação com a sociedade, provado em teorias e análises feitas a esta, incluindo a que é feita por Mcluhan. Só que, mesmo assim, mesmo havendo uma maior participação dos outros sentidos no nosso dia-a-dia, não deixo de pensar que isso não invalida o facto que tudo é representado de forma visual. O livro provocou o que hoje em dia é uma sociedade de consumo puramente visual. Os outros sentidos fazem parte do nosso mundo – considerado mundo a forma com que, individualmente, o conhecemos -, mas continuamos a acreditar naquilo que vemos, mesmo que seja uma representação visual de um objecto. Na introdução disse que “deixámos de ver um objecto num plano real, para um plano bidimensional e, neste momento, não só podemos ver num plano tridimensional como também podemos interagir com a representação gráfica do objecto, numa tela bem mais variada do que a tradicional pintura”. Colocando como exemplo um piano, quando representado numa pintura, parecia que o quadro era uma janela para um outro mundo, mas logo percebíamos que era plano, não era como ver um piano ao vivo em que o nosso ponto de vista varia conforme a nossa localização no espaço – o objecto era único apesar de só vermos partes. Nesta Era podemos dar “vida” àquele piano representado numa tela escura de cinema, vemos a pouco e pouco o pianos de diversos ângulos e apesar de não termos controlo sobre o que queremos ver, dá a ideia que ele existe de forma mais eficaz. Mas agora, com as novas tecnologias, não só é possível simular a sua existência tridimensional num computador que é manipulada pelo utilizador, como começam a existir projecções homográficas que trazem para a realidade esse ícone visual. E, tentando perceber o porquê dessa evolução, tudo aponta precisamente para a denominação de ícones. Os interfaces são exemplos de elementos que representam ideias que ajudam na transmissão de informações, contendo eles próprios ícones. Nós atribuímos e percebemos mais facilmente a comunicação através de uma imagem. E a electricidade como tecnologia alterou a forma como nos relacionamos.
Mas que consequências podemos retirar deste uso excessivo de mensagens e representações visuais? Muitas das coisas que vemos fazem parte de lixo visual e, neste processo para um futuro interactivo, estamos a ser manipulados. Somos tentados a comprar uma ou outra marca, a ser esta ou aquela pessoa, a agir de certa forma porque existem várias representações que, como imagens, são exemplos de verdade. Se existirem consequências significativas, podemos até pensar não só que possivelmente existirá uma tendência humana para aproximar as nossas representações virtuais da realidade a tal ponto que as manipulamos, como podemos levar à questão dessas interacções para uma a forma como homem se irá relacionar com essas formas.
Portanto, se as nossas criações tecnológicas criam um ambiente que nos alterará, de que forma vamos ser, no futuro, afectados pela percepção de forma 3d irreais no nosso mundo?

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Para que serve a tecnologia?

Com o existencialismo e a perda de espiritualidade nas sociedades ocidentais, a vida passou a ser um espaço de tempo que nos é concedido e que devemos aproveitar ao máximo. Mas como se aproveita uma vida? Procura-se a felicidade? Parece ser esse o objectivo de grande parte da população hoje em dia. Outra grande parte tenta fugir a qualquer coisa recorrendo a drogas ou vícios.
Se pensarmos na lei e tentarmos justificar por que temos as leis que temos e não outras, podemos encontrar as raízes na religião mas o objectivo final da lei é, na minha opinião, permitir ao maior número de pessoas o máximo de liberdade para procurar a sua felicidade.

Nesta ideia da felicidade, onde se inclui a tecnologia? Será que trouxe à Humanidade felicidade? Na minha opinião, não somos mais felizes do que os nossos antepassados. Somos muito mais e lidamos com problemas complexos que nunca antes tinham surgido, pelo menos à mesma escala. Há fome, pobreza, problemas ecológicos, sida, crime, drogas, etc..
Se considerarmos que o Homem tem a necessidade de sentir que pertence a uma comunidade já que evoluiu no sentido de viver em tribos pequenas em que conhece todos os membros, as cidades modernas em que todos são estranhos são obstáculos à nossa felicidade. Consideremos ainda que o Homem tem, para além das necessidades sexuais, sociais, etc., uma necessidade espiritual. Nesta sociedade, essa necessidade não fica satisfeita, o que pode justificar a procura dessa satisfação nas religiões orientais, e isso não contribui certamente para a nossa felicidade.

Apesar da felicidade que a tecnologia nos possa ter roubado, se agora a perdêssemos, conseguiríamos ser felizes? Conseguiríamos passar sem televisão, computadores, telemóveis e transportes? Não seremos já até certo ponto como as pessoas do Wall-E? Na minha opinião, não.

Se até agora, a tecnologia tornou a nossa vida mais complexa, difícil e possivelmente menos feliz, por que a desenvolvemos? Mais importante do que isso, como a deveríamos desenvolver no futuro? Caminhamos para um mundo cada vez mais tecnológico mas mais feliz?

sábado, 28 de março de 2009

Uma pequena apresentação.

Estou a ver que os meus colegas já contribuíram com diversas ideias bastante interessantes, mas, antes de mais, gostaria só de falar um pouco sobre o Blog e os seus objectivos. Trata-se de um projecto universitário para a cadeira de Psicologia da Comunicação do curso de Som e Imagem da Universidade Católica Portuguesa. Formamos um grupo de 5 (António Miguel, Pedro, Joana, Igor e Diogo) e foi-nos pedido para criar um blog onde o tópico seria escolhido por nós e teria de ser relacionado com exemplos distintos de obras de arte ou outros elementos dos media. O tema que escolhemos está explícito no titulo de forma simplificada, Futuro Interactivo. Talvez careça de criatividade, mas cumpre a sua função. De facto, os assuntos que ocupam este espaço dedicam-se a explorar a relação que existe entre o homem e a tecnologia e como esta irá evoluir no futuro. Por outras palavras, o que pensamos nós do destino da humanidade como animal dependente de ferramentas. Seguindo a tendência da evolução tecnológica nos últimos séculos, poderemos deduzir que estamos condenados a perder a nossa fisicalidade ou será que é a própria tecnologia que vai adquirir cada vez mais atributos humanos?

Embora possa parecer uma questão para autores de ficção científica, eu argumentaria que já hoje em dia se pode observar indícios de ambas as possibilidades. Vejamos o exemplo de milhares de pessoas que passam várias horas diariamente em mundos virtuais como o Second life e o World of warcraft. Não quero estar a estereotipar todas elas como ermitãs cibernéticas, mas, de facto, existem alguns indivíduos que dedicaram a sua vida a essas realidades. Os seus corpos tornaram-se apenas recipientes para as suas mentes, vivem desligados da realidade.

São julgados como pessoas desequilibradas e anti-sociais, mas quando esses programas se tornarem indistinguíveis da realidade, como o Pedro falou na sua entrada sobre o Matrix, que razões teremos nós para desejar continuar neste mundo de limitações? (Não é uma pergunta retórica, estou genuinamente curioso.)

Embora ache que esse seja um fim provável para a nossa espécie, gostava também de explorar uma outra possibilidade. Uma tendência recente de humanizar a tecnologia. Cada vez mais distantes são os tempos em que para mexer num computador era necessário um manual ou mesmo um curso informático. Comparem o interface do MS-DOS com o do iPhone para compreender o que eu quis dizer quando me referi à humanização da tecnologia. Não somos nós que nos adaptamos à máquina mas sim o contrário. Quanto mais intuitiva se torna a interacção com a tecnologia mais se assemelha com as ferramentas analógicas de outros tempos. Vejamos a Nintendo Wii como exemplo disso. Num jogo electrónico de ténis, não é mais necessário decorar uma série de comandos para poder jogar, basta fazer os movimentos da raquete em sincronia com as imagens do ecrã.

Provavelmente toda esta tendência não é mais do que uma fase passageira até ao momento da singularidade tecnológica. Mas falaremos mais disso noutra altura, para já fica aqui o convite para todos que queiram explorar connosco o futuro fantástico da relação entre o homem e amáquina! 

...

Bem, pelo menos sabemos que no mínimo dos mínimos a Professora de psicologia à de ler o blog.

Certo? : (

quinta-feira, 26 de março de 2009

" The message of any medium or technology is the change of scale or pace or pattern that it introduces into human affairs. The railway did not introduce movement or transportation or wheel or road into human society, but it accelerated and enlarged the scale of previous human functions, creating totally new kinds of cities and new kinds of work and leisure. This happened whether the railway functioned in a tropical or northern environment, and is quite independent of the freight or content of the railway medium." (Marshall McLuhan; Understanding Media, N. Y., 1964, p. 8)

No outro dia, em conversa corriqueira pós-jantar, uma amiga falava da sua prima que recentemente se tornou mãe, desassossegada com o primeiro rebento e com possibilidades de o fazer, a nova mamã muniu-se com todos os instrumentos que o mercado oferece para propiciar à criança os mais avançados primeiros anos de vida possíveis de que o mercado dispõe. É o termómetro especial para medir a temperatura do leite, que apenas parece diferir de um termómetro normal em três aspectos, apresentar-se como especial para medir a temperatura do leite, consecutivamente o preço e por último estar graduado em fahrenheit, impossibilitando a nova mamã de saber a que temperatura o leite está. Outro problema com que se deparou foi a impossibilidade de aquecer dois biberões ao mesmo tempo, pois a máquina que comprou para o efeito apenas suporta um recipiente de cada vez. Em ambas as situações a jovem progenitora não conseguiu encontrar uma solução, o método de utilizar uma panela com água a ferver para aquecer a tecnologia de mamar da criança não lhe passou pela cabeça. Estas e outras peripécias levaram a minha amiga a concluir que a tecnologia torna as pessoas burras.

Esta afirmação recordou-me de imediato o senhor Marshall Mcluhan e a ideia defendida por ele de que os media são todos extensões dos nossos membros, ou dos nossos sentidos. Parece que o primeiro a afirmar isto terá sido R. W. Emerson: "The human body is the magazine of inventions, the patent-office, where are the models from which every hint was taken. All the tools and engines on earth are only extensions of its limbs and senses" (1870) . Regressando uns largos milhares de anos no tempo, recordo a primeira invenção que provocou uma profunda alteração no comportamento humano, o fogo. Este extensão da visão tornou o Homem um ser sedentário, deixou de existir a necessidade de migrar para fugir às estações mais geladas. A partir deste incerto momento o Homem desenvolveu tecnologias, medias, que lhe foram proporcionando um maior conforto. Pensando conforto na amplitude que esta analise exige, ou seja, pensando a pirâmide das necessidades humanas desde a sua base, ter que comer, ter que vestir, não ser morto por um animal e todas as etapas necessárias para nos aproximarmos do conceito moderno de conforto. Ao longo de milhares de anos, associado a este desenvolvimento tecnológico, existiu sempre um ideal, que arrisco dizer inato no Homem, o ideal de fronteira. O outro lado da montanha, o outro lado do lago, o outro lado do deserto, o outro lado do oceano, o outro lado, sempre desconhecido, a fronteira. Com a actual evolução tecnológica, e pensando os satélites como as mais magnificentes extensões da visão até hoje inventadas e que nos permitem observar a totalidade do nosso planeta, o ideal de fronteira morreu no espírito humano. Certamente os mais entusiastas com as potencialidades espaciais criticarão esta posição, mas a realidade é que não existe ainda nenhum elemento que permita ao Homem, ou mais importante, ao homem comum, imaginar o seu futuro no espaço sideral, ou em outro planeta. Não é imaginável que, durante o tempo de vida de qualquer geração já viva no nosso planeta, o homem comum possa viver no espaço, como o homem comum sonhou em viver no Novo Mundo e é por isto que defendo que o ideal de fronteira morreu no nosso espírito. Utilizando o cliché, o espaço é a última fronteira, mas apenas é a última, porque é a próxima, mas ainda não existem os media que permitam estender até ele, como a roda estendeu, como o barco estendeu, como o avião estendeu, pois para todos os sítios que estes medias nos levaram sabíamos que podíamos viver. O ideal de fronteira ainda existe, apenas para aqueles que procuram melhores condições de vida, claro que isto sempre lhe esteve associado, mas esta condição apresenta-se na grande maioria dos casos sem o grau de desconhecimento que antes apresentava e, talvez mais importante que isto, quando atravessada essa fronteira, estas pessoas integram-se numa sociedade que, já tendo atingido melhores condições de vida, perdeu ou, dependendo da geração, nunca chegou a sentir o já diversas vezes referido ideal. Observando esta imprecisa amostra da sociedade, que exclui, por facilitismo ensaístico e pela visão utópica/distópica de igual acesso aos media por todos mais a frente apresentada, a crescente classe baixa e que, pelo tempo em que vivemos, a classe média também. Podemos nomear o entretenimento e a facilitação ou mesmo a anulação na execução de tarefas, como as necessidades que homem comum procura satisfazer e pelas quais rege a sua vida. Claro que existem as necessidades intemporais, como as amorosas, as sexuais e as sociais, mas estas podemos incluir no segundo ponto nomeado, pois os media alteraram completamente a forma de as satisfazer, indo ao encontro da tal facilitação. Voltando ao inicio do texto e tendo em mente que no ideal de fronteira na sua enorme complexidade, se encontra a força principal que fez o homem superar-se ao longo da história, até que ponto ela não nos levará a um esgotamento no nosso desenvolvimento? Tentando tornar a pergunta mais clara, acreditando que os media são extensões do nosso corpo, o desenvolvimento tecnológico visa sempre estender algum sentido ou membro desse corpo. Isto leva a que a nossa capacidade enquanto corpo e mente sem extensões vá diminuindo, pois para tudo existe uma extensão substituta. Talvez por isso, a nova mamã não tenha conseguido encontrar uma solução para os seus problemas, pois o seu pensamento está moldado de forma a procurar sempre um media, uma extensão para as suas necessidades, sendo isto um estado a que cada vez mais os novos media condicionam. Em vez de estimular o nosso desenvolvimento, tornam o pensamento fragmentado, ao obrigar a existência de extensões cada vez mais específicas para cada função, ao mesmo tempo que tornam medias antigos em obsoletos pela inaptidão que o novo pensamento do Homem acarreta, pense-se o caso do biberão. Avançando indefinidamente no tempo, chegará a altura em que os pés não precisarão de ser utilizados, pois a tecnologia procura uma extensão que isto possibilite. Existindo o media que permita o homem deslocar-se sem qualquer tipo de limitação e dispêndio de energia, os pés não serão mais necessários. Isto é aplicável a todas as extensões, todas elas terão a sua situação extrema e, nesse extremo onde a execução de tarefas não é mais necessária, qual será o caminho? Avançaremos para um extensão última em que nos separaremos das limitações do nosso corpo e para as quais os media sempre atenderam? Ou acabaremos esborrachados contra o vidro, com corpos incapazes de serem usados sem extensões e um raciocínio sem engenho porque nunca precisou de ser espicaçado? (vejam o excerto do filme Wall-E, colocado em baixo, ou de preferência vejam o filme na sua totalidade)



Futurologia

Poderemos nós (humanos) estar daqui a 200 anos num futuro totalmente virtual como o do filme MATRIX, onde os nossos sentidos têm total liberdade para se manifestarem num programa de computador, onde vivemos e interagimos como homens do séc. XX. Será este programa o máximo da nossa existência enquanto humanos, não entrando na parte em que as máquinas nos prenderam para se alimentarem dos 120 volts de energia que o corpo produz? Desta forma, esta será talvez o máximo possível de nós, interagirmos com a interactividade dos media, para mim acho de facto isto fantástico e, de certa forma, aterrador, porque o que seria de nós ligados a máquinas 24h por dia. Iremos tornar-nos seres de sonho de virtualidade, não será essa virtualidade que estamos hoje atravessar em que tudo nos parece virtual, a informação flui mais rapidamente do que nunca mas as pessoas continuam as mesmas, ou serão diferentes, de facto estamos diferentes mais cultos mais abertos ao mundo, mas ao mesmo tempo também mais fechados, pois esta informação funciona através de maquinas e não através das pessoas, mas para nós. Estamos então a ganhar extensões através dos media como McLhuan diz, será este o caminho mais próximo para o mundo de sonho latente, como o de MATRIX ?
Acho que sim, Joana, pois a música antes do séc. XX, estava sempre associada a um músico e o músico seria então o aspecto visual da música, também existiam concertos, claro, e actuações teatrais como ópera e outros. A ideia do CD ou da tape é mais recente. Penso que era a isso que te referias. Concordo também com Mclhuan: os media vão sempre pelo caminho mais cool, talvez por ser o mais fácil ou o mais produtivo também.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Introdução

Durante a pesquisa de um tema de trabalho surgiu-nos uma dúvida relativa à forma como os interfaces se apresentarão no futuro. Como muitos autores citaram, vivemos num mundo bastante visual e, conforme a evolução tecnológica que tem vindo a ocorrer neste século, deixamos de ver um objecto num plano real, para um plano bidimensional e neste momento não só podemos ver num plano tridimensional como também podemos interagir com a representação gráfica do objecto, numa tela bem mais variada do que a tradicional pintura. Ou seja, podemos realmente concordar que, se ainda não vivemos totalmente num mundo visual, ou não o percebemos porque é algo que neste momento está a acontecer ou então damos demasiada primazia ao sentido em causa. Só que, por outro lado, pensamos que mesmo assim e pegando nas ideias de Mcluhan os medias estão a tornar-se demasiado COOL, logo não só abrangem um sentido, como o da visão, mas também o da audição e do tacto - que envolvem e captam de uma forma mais eficaz a atenção do espectador . Então pergunto-me porque que é que os medias do tipo Hot com base noutros sentidos sem ser o da visão, estão a ser menos desenvolvidos? Uma possível resposta está no facto de a audição, entre outros sentidos como o olfacto, serem pessoais. Não podemos entrar na cabeça de uma pessoa para dizer «Hum, acho que foi isso que senti», porque, para fazermos essa relação, vamos cruzar os nossos conhecimentos/as nossas ideias e imagens associadas ao conhecimento em causa. Estamos a ser a outra pessoa e não nós. Possivelmente através de imagens teríamos uma percepção melhor do outro sem perder a nossa identidade. A música, como exemplo sonoro com carácter mais abstracto, necessita muitas vezes de recorrer a um suporte visual para o espectador criar ligações com aquilo que conhece e atribuir um significado. Será que antigamente, antes do séc. XX, tal acontecia?